Arrogância ou timidez?
Certa vez, um amigo que havia acabado de ser contratado em uma empresa, estava no canto do café quando um colega de setor entrou mudo, pegou o seu café e saiu do jeito que entrou, mudo.
Intrigado, aliás, indignado, pensou “mas, que sujeito arrogante”! E não teve dúvidas. Na primeira chance, deu um jeito de falar com ele. Esperou o colega seguir para o café e o seguiu, como se fosse a hora do seu cafezinho também.
Chegou enquanto o copinho estava sendo completado, e deu um simpático “bom dia”. Para sua surpresa, a resposta foi no mesmo tom. Mas, como o copinho já estava completo, o colega fez um rápido sinal com a cabeça e saiu antes mesmo que esse amigo iniciasse qualquer assunto.
Sem se dar por vencido, no dia seguinte repetiu a estratégia, só que saiu um segundo antes. Quando o colega chegou, mais uma vez mudo, como se não o conhecesse, tomou a iniciativa e deu um simpático “bom dia” que, imediatamente foi retribuído, também com simpatia.
“Mas, que cara estranho”, pensou. “Por que parece tão arrogante, mas retribui com simpatia?” Antes de o copo completar, a máquina emperrou. Enquanto tentavam identificar o problema, puderam conversar um pouco. E como não teve jeito de consertá-la, aquele amigo sugeriu que fossem pegar o café em outro andar e, novamente para sua surpresa, o colega aceitou.
O gelo foi quebrado e a conversa fluiu, cada um falando sobre suas funções. Claro que havia uma diferença entre os dois. O colega era contido, mas conversava bem e foi atencioso.
Os dias seguiram e o tal amigo percebeu que teria sempre que tomar a iniciativa de cumprimentar ou conversar com o colega que, apesar de parecer tão arrogante no seu silêncio, era um cara legal quando se falavam.
Passado um tempo, os dois foram chamados a participar de um evento fora da cidade. O jeito arrogante do colega ainda intrigava, mas não ao ponto de prejudicar a convivência com ele.
Seguiram juntos ao destino e se hospedaram no mesmo hotel. Tiveram a chance de conversar bastante e entre um papo e outro o tal amigo conseguiu questionar o fato de o colega nunca cumprimentar as pessoas quando chegava.
A resposta foi uma grande surpresa: “Morro de vergonha!” Isso mesmo, ele temia cumprimentar alguém e não receber o retorno. Parecia que era uma coisa que trazia da infância, quando passou por uma situação dessas com um certo professor e os colegas riram e o expuseram muito.
É interessante como a timidez pode ser percebida como altivez, insolência, orgulho ou presunção. E como uma conversa pode mudar a visão que se constrói de alguém. Não é fato que sinais de arrogância sejam sempre reflexos de traços de timidez ou de insegurança. Há pessoas que, de fato, se acham melhores que as outras ou superiores a elas.
Em qualquer um dos casos, o importante é procurarmos conhecer melhor as pessoas antes de julgá-las ou rotulá-las. Podemos passar anos equivocados em relação a alguém e até perder a oportunidade de fazer uma boa amizade.Pense nisso.
10/11/2010 às 10:57 pm |
Tudo isso é a mais pura verdade. Nossa! Já perdi a conta de quantas vezes fui tachada de “metida” e “arrogante”. E ainda acontece muito. Até mesmo meus familiares não entendem como é difícil cumprimentar naturalmente as pessoas. É como se algo me segurasse. Mas na maioria das vezes acontece a mesma coisa que com esse tímido relatado. Eu só cumprimento se a pessoa me cumprimentar antes, porque tomar essa iniciativa é ainda muito difícil e igual a ele muitas pessoas se surpreendem quando me conhecem. Geralmente quando me vêem acham que eu sou muito séria e se incomodam por eu não cumprimentá-las e acham que é por falta de educação. Mas quando me conhecem passam a me ver de uma outra maneira.
Muito boa a postagem!
Um abraço!